Porque restaurar um conjunto de estofados?


Muitos clientes perguntam quais as vantagens de se reformar seus estofados, sejam sofás, cadeiras, poltronas ou coisas do tipo. Isso sempre em detrimento dos preços e “parcelamentos quilométricos” oferecidos pelas lojas de móveis populares.




Financeiramente afirmo: uma restauração não chega a 60% do valor de uma peça similar, feita com o material escolhido pelo cliente, vendida nestas lojas. Estruturalmente, posso dizer que, quanto mais antigo seu estofado maior é a qualidade estrutural do mesmo, tendo em vista a constante busca pelas fábricas por preços competitivos de mercado, tendo que realizar cortes e reduções dos custos de produção, utilizando assim matéria prima mais barata e conseqüentemente muito menos durável.



Tratemos então dos tipos de estofados e suas respectivas qualidades:



Fica aqui subentendido que o termo “popular” é referente aos estofados de produção em massa, passando para peças mais elaboradas, ou melhor dizendo de “marcas famosas” e os exclusivos estofados feitos sob encomenda.



Por muito tempo analisei a qualidade estrutural dos móveis estofados restaurados por mim e depois de dividi-los em categorias, cheguei a uma classificação aproximada de durabilidade / planejamento / qualidade de materiais estruturais. É esta:



Tipo 1 – Sofás encomendados sob medida, alguns com mais de vinte anos de uso, com sua estrutura feita basicamente de madeira de lei (Matéria prima como o mogno e outras que, por estarem em extinção, foram protegidas do corte e uso em móveis mais recentes) . Com cuidados básicos pode durar mais algumas décadas – Já lidei com uma peça de 108 anos de idade, de acabamento estrutural impecável! Comporta, com os devidos cuidados, muitas reformas. Normalmente eles não são feitos em peças separadas (Braços, encosto, assento formam uma única estrutura maciça). Esta é a categoria dos sofás de couro legítimo e tecido gobelin do tipo Capitonet e Chesterfield.



Tipo 2 – Sofás de Griffe, de marcas famosas, normalmente primando pelo estilo simples e prático de linhas e ângulos retos, suas versões mais antigas têm no máximo dez anos de uso. Utilizam madeiras menos nobres (Cedro, pinho, eucalipto) mas com acabamento estrutural de ótima qualidade e encaixes precisos entre suas peças (Braços, encostos e assentos são feitos separados e fixados por meio de parafusos). Comportam reformas sem problemas e requerem um mínimo de cuidado. É a categoria dos sofás das marcas Laffer, Tok Stok e similares.



Tipo 3 – Estes tipos de sofás e estofados são os “genéricos” da categoria, também os mais comuns de se encontrar. Com no máximo cinco anos de uso e feitos com o custo reduzido, eles têm uma estrutura composta por substitutos baratos da madeira, como compensados, madeirites (madeira reciclada) e aglomerados (chapas de pó de serragem e cola prensada). Seu planejamento estrutural visa a praticidade e não a durabilidade propriamente dita. Suas peças são pregadas ou mesmo “coladas” para fixação. Eles comportam uma ou duas reformas, depois disto são necessárias substituições estruturais para se realizar a restauração do mesmo. É o tipo de estofado mais difundido pelo mercado paulistano, com modelos variados e designs arrojados, muitas vezes exagerados (Vide os com porta-copo nos braços!), cores berrantes e predominância de tecidos e materiais sintéticos.



Tipo 4 - Muitas fábricas de fundo de quintal também produzem estofados, põem eles em caminhões e os vendem a preços absurdamente baixos. Este tipo de sofá é extremamente frágil e arrisco dizer que acima de tudo é o tecido que o mantém montado. Ele usa madeira infestada de cupins, restos de construções civis e materiais de baixo padrão. Uma peça desta não tem uma vida útil superior a seis meses e em muitos casos sequer comporta uma única reforma sem a necessidade da substituição de grande parte de sua estrutura interna. (Certa vez me deparei com uma assustadora estrutura feita de tábuas de caixa de maçã! Não, não reconheci o tipo de madeira usada, as travessas internas ainda tinham etiquetas coladas com os dizeres “Maçãs Argentinas”!!) .



Finalizando. Muitas pessoas desconhecem o valor real de um estofado em sua casa, a qualidade e durabilidade de um sofá do tipo 1 pode ser erroneamente substituída por peças do tipo 2, 3 e, infelizmente 4, apenas pelo fato de se julgar a aparência externa do móvel, sua apresentação e preço. Mas, a longo prazo, o negócio aparentemente vantajoso mostra que seu custo-benefício em relação a uma restauração pode ser nulo e, na maioria dos casos, gerar o bom prejuízo.